Ser-se diferente... que questão é esta? O que é ser-se diferente? Ser-se diferente é ser-se minoria?
Porque precisaremos de estipular quem é diferente. Porque “os” tratamos de forma diferente?
A criança e o adulto deficientes existem, e por vezes podem ser sentidos como foco ou exemplo para a sociedade, como um castigo ou desilusão, como uma perda para os progenitores, o que implica um certo sofrimento, culpa ou até negação. É um percurso difícil o do homem e da mulher face ao filho que surgiu diferente no seu corpo, no seu olhar, nos seus gestos, na sua fala. É tão mais fácil amar a criança bela e saudável, que torna real o sonho de cada pai, e tão difícil aceitar aquele ser contorcido, perdido numa escuridão, muitas vezes num silêncio eterno, ou ainda, perdido nos diversos caminhos da mente e para sempre dependente da atenção dos outros.
Há apenas alguns anos atrás pouco ou nada se sabia e ainda menos se fazia por estes “cidadãos da (in)diferença”. Na retaguarda da assistência a essas crianças, jovens, ou adultos, estão muitas vezes os pais, figuras da sombra, que vão descobrindo forças, quando as pensavam esgotadas, e vão sensibilizando os outros com os seus gritos de dor, vão trabalhando para uma melhor assistência, levando uma maior dignidade àqueles que amam.
Estes pais procuram tirar da sombra os seus filhos, trazê-los para o “nosso” mundo e fazer dele um mundo de cristal e de luz para todos. Juntemo-nos a eles, vamos oferecer-lhes a nossa solidariedade...
Será que é assim tão difícil aceitar o diferente, aceitarmo-nos todos como somos, respeitando as nossas desigualdades e aprendendo com elas? Ser-se diferente não tem trazido muitas recompensas, mas será que os que pensam ser todos iguais vivem felizes e despreocupados? Não creio! A diferença faz-nos ver o mundo com mil olhos, aprender a ler o que não está escrito, falar sem usar sons, alcançar as coisas com esforço...todo o pequeno gesto é aprender! Será que não teremos nós muito que aprender com essa “diferença”?...
DEPARTAMENTO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL
Publicado por Luís Miguel da Silva Pinho @ 2:50 da tarde